Cap. 3 - Terra Australis Incógnita

Karina havia chegado a maior ilha do oceano pacífico e se estabelecera na cidade das igrejas.
A cidade não era tão linda quanto a “Cidade Maravilhosa” e tampouco tinha o visual de Sião, mas havia belíssimos parques e florestas ao seu redor.


As pessoas que ali viviam eram calmas, honestas, muito solidárias, muito educadas e possuíam uma consciência voltada ao próximo e ao meio ambiente, o que certamente fazia do local, um lugar muito especial.

Finalmente havia encontrado um lugar para viver em paz com seus vizinhos, criar seus filhos e viver com dignidade.
Um lugar como num conto de fadas.

E Karina se sentia abençoada e em paz.

Na cidade das igrejas
Não havia discórdia entre povos,
Não havia agressões,
Não havia pessoas vivendo debaixo da ponte,
Não havia fome,
Não havia miséria,
Não havia desconfiança,
Não havia terrorismo
E não havia guerras

Tudo parecia funcionar maravilhosamente bem. Era como se Deus houvesse colocado a sua mão neste lugar.

Mas qual seria a fórmula para este sonho tão real?
Governo? Educação? Povo?

Karina não podia esquecer as cenas de sua cidade natal.
Ela se lembrava da miséria, das pessoas vivendo nas ruas e isto lhe doía profundamente. Queria que todos tivessem o mesmo privilégio que ela estava tendo.
E os “porquês” foram dando lugar aos “comos”.

“Como acabar com a miséria?”
“Como acabar com a corrupção?”
“Como acabar com a violência?”
“Como acabar com o sofrimento alheio?”

Karina sabia que isto era possível, pois vivia numa cidade abençoada.
Mas por onde começar?

Sabia que em sua terra natal as leis nem sempre se cumpriam. Nem todas as pessoas eram honestas. Havia muita corrupção e muita mentira. Os hospitais nem sempre podiam atender os pacientes. Muitas vezes faltava tudo, desde material básico a equipamentos. Educação era ilusória, as crianças mal sabiam ler e os valores morais, ah estes estavam sendo esquecidos.
Até mesmo a religião estava sendo manipulada e o que falar do governo?

A cidade maravilhosa havia se transformado na cidade do faz de conta.
Havia professores fazendo de conta que ensinavam. Alunos fazendo de conta que aprendiam. Profissionais fazendo de conta que trabalhavam. E governantes fazendo de conta que se importavam.

Os meses iam passando e Jordana ingressara na escola.
Karina havia se tornado uma voluntária no colégio e ajudava no que era preciso. Cortava frutas para as crianças, lavava brinquedos, cozinhava nos eventos escolares e auxiliava as crianças com a leitura.

Karina começou a perceber que Jordana aprendia coisas que ela nunca tivera a oportunidade de aprender em sua escola.
Aos cinco anos já estava sendo alfabetizada e trazia diariamente livros que ela escolhia para ler em casa.
Este era seu dever de casa. Ler 10 minutos para sua mãe.

Karina ficava pensativa.

“Será que seus professores haviam pensado nisto?”

Quando era pequena quase não lia. Não havia uma biblioteca em sua escola e comprar livros nem sempre era possível. Os livros eram muito caros.

Jordana foi crescendo e continuava trazendo livros da escola para ler em casa. Haviam livros com letras grandes e outros com letras menores. Tudo era apropriado para sua idade.

E os livros eram tão interessantes...

Não eram livros só de literatura infantil, eram livros sobre todos os assuntos. Todos muito bem escritos e com uma linguagem fácil de ser compreendida. Haviam livros sobre ecologia, ciências, animais, ficção, saúde, reciclagem e até biografias de pessoas notáveis por sua contribuição a humanidade.

Jordana absorvia tudo e conversava com Karina a respeito do que lia. Falava sobre os planetas, sobre restrição de água, sobre doentes, animais e assuntos que Karina jamais pensara em sua idade.

Fazendo uma análise, Karina chegou à conclusão que a educação nas escolas era o que fazia a diferença entre sua terra natal e a cidade das igrejas. Se conseguisse educar as crianças então tudo seria diferente.

Karina se empenhou em escrever um programa para melhorar a educação em sua terra natal e enviou milhares de cartas a todos os que ela pôde alcançar.

Algumas escolas se interessaram pelo programa e procuraram adaptá-lo e implementá-lo de acordo com a realidade existente na cidade. Mas Karina sabia que era preciso alcançar a todos e saiu em busca de voluntários que a ajudassem a divulgar o programa.

Se você desejar colaborar com Karina e quiser ver sua cidade progredir, então aqui vai a fórmula:

1 Leia todos os dias pelo menos 10 minutos (qualquer livro de seu interesse). O conhecimento adquirido um dia será útil para sua comunidade, além de ser o único bem que ninguém poderá lhe tirar.

2 Ajude o próximo e os menos favorecidos através de campanhas nas escolas ou através de um grupo de amigos. Um aniversário beneficente também será muito bem-vindo.

3 Traga alegria aos orfanatos, asilos, hospitais e outros lugares onde as pessoas se encontrem tristes e solitárias. Um desenho, uma flor, uma carta ou um cartão fazem milagres.
4 Respeite e ajude as pessoas portadoras de deficiência. Envolva-os em atividades em sua escola e em centros comunitários. Não nascemos para viver sós. Nem eles.
5 Cuide do meio ambiente.
6 Respeite a todos independente de raça, situação econômica, religião, idade e sexo.
7 Respeite e proteja os animais.
8 Seja honesto e justo e jamais siga os caminhos de quem prega a discórdia entre povos, religiões, classes sociais, etc.
9 Se inspire nas pessoas que um dia fizeram algo em prol dos demais. O mundo está cheio de exemplos. Leia biografias.
10 Doe seu conhecimento em prol da comunidade.
11 Seja um exemplo a seguir. Mais valem exemplos do que palavras.
12 Persevere e tenha paciência. As grandes mudanças podem demorar, mas elas acontecem. Leia sobre a história do mundo.
13 Repasse a fórmula para seus amigos.


Afinal, a cidade das igrejas só se transformou no paraíso porque seus moradores um dia resolveram usar esta fórmula. E ao usá-la compreenderam que onde há conhecimento, honestidade, valores morais, amor ao próximo, leis que assistem os cidadãos e cidadãos que se dedicam a melhoria da cidade e das condições de vida de seus habitantes, lá estão as mãos de Deus.